Diz uma história que numa cidade apareceu um circo, e que entre seus artistas havia um palhaço com o poder de divertir, sem medida, todas as pessoas da platéia e o riso era tão bom, tão profundo e natural que se tornou terapêutico. Todos os que padeciam de tristezas agudas ou crônicas eram indicados pelo médico do lugar para que assistissem ao tal artista que possuía o dom de eliminar angústias.
Um dia porém um morador desconhecido, tomado de profunda depressão, procurou o doutor. O médico então, sem relutar, indicou o circo como o lugar de cura de todos os males daquela natureza, de abrandamento de todas as dores da alma, de iluminação de todos os cantos escuros do nosso jeito perdido de ser. O homem nada disse, levantou-se, caminhou em direção à porta e quando já estava saindo, virou-se, olhou o médico nos olhos e sentenciou: "Não posso procurar o circo... aí está o meu problema: eu sou o palhaço".
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Como servidor vejo que, às vezes, sou esse palhaço, alguém que trabalhou e ainda trabalha para manter sua cidade e não vê resultado muito claro nisto que faz.
Tenho a impressão que fica um trabalho no vazio (e sei que não estou só nesse sentimento) porque depois de tanto sofrimento parecem que se acostumam rapidamente com os resultados. Parece que, a única coisa que importa é quanto cada um vai lucrar, não importando quem vai pagar essa conta nem se alguém vai ser lesado nesse processo.
Ninguém se comove com o choro alheio. Digo isso até em tom de desabafo, porque vejo que cada dia mais surgem atos de desonestidades. Os que passam os outros para trás são heróis e os que protestam são otários, idiotas ou excluídos, é uma total inversão dos valores. Vejo que alguns servidores partilham das mesmas idéias e as defendem em seu campo de trabalho e se vangloriam disso.
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