GLAUCO
MATTOSO – POETA CEGO é um caso único na literatura
brasileira. Esse estranho e prolífico poeta incendiário – o mais
maldito dos poetas brasileiros – era apenas um daqueles que, nos
anos 70, irreverente e jovem, escandalizava os burgueses com seus
versos furibundos e anti-higiênicos, impressos em qualquer papel e
vendidos nas ruas de mão em mão.
Eis
um exemplo de seus poemas:
Soneto
846
DA
MESMICE
Puseram
um político no cargo
De
chefe dos correios: logo a carta,
Que
rápida se quer que chegue e parta,
Demora,
se extravia e sofre embargo.
Puseram
um político no posto
De
chefe da polícia: logo o largo
Domínio
dos bandidos mais amargo
Nos
deixa da impotência aquele gosto.
Puseram
um político na mídia:
A
informação, que fora isenta e ilesa,
É
máscara e só serve a quem preside-a.
Puseram
um político na mesa
Da
Câmara: mamatas e desídia
Então
como estiveram, sem surpresa.
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